Coragem
Coragem vem do latim
cor, coração, em razão de os romanos acharem que a coragem tem mais a ver com
coração do que com a razão. A coragem é uma atitude enérgica e firme diante do
perigo. O contrário é: covardia, pusilanimidade, fraqueza. Pode-se dizer que é
a justa medida acerca dos sentimentos do medo e da confiança. Medo não de
doença, pobreza ou reputação, mas a ausência de medo da morte, em certas
circunstâncias, como a guerra e os diversos combates pela defesa da pátria.
O estado de caráter
da pessoa corajosa é a imperturbabilidade diante dos mais atrozes perigos. É a
pessoa que aguenta firme as coisas certas, temendo-as também porque sabe da
responsabilidade pelos seus atos morais. Quem não tem medo de nada, em
circunstância alguma, não pode ser chamada de corajoso. A temeridade é mais
imprudência do que coragem. Por isso, o corajoso é aquele que enfrenta o perigo
que lhe aparecer à sua frente. Não o procura arbitrariamente.
O indivíduo
verdadeiramente corajoso tenta vencer o medo físico, e embora avalie o risco de
tal empreendimento, não se furta a ele. É aquele que age de maneira
conveniente, apesar do medo. Muitas vezes a coragem de um indivíduo é posta à
prova não nos perigos físicos, mas nos embates morais com relação aos
preconceitos, à intolerância, à ingratidão e às situações de escárnio em que vê
submetido.
Na Magna Moralia,
Aristóteles dedica todo o capítulo XX do livro I à coragem. À semelhança do que
escreveu em Ética a Nicômaco, afirma que a coragem só se relaciona com alguns
perigos e não com todos. Quem não receia a doença não pode ser considerado
corajoso, mas louco. O mesmo acontece com quem não receia certos fenômenos da
natureza como os terremotos e as inundações o homem corajoso é "o que
mantém o sangue-frio nas circunstâncias em que a maior parte ou a totalidade
dos homens tem medo".
Em se tratando das
qualidades do corajoso, somente a situação de perigo pode dizer se um
homem é corajoso ou não. Quem não possui
experiência, como as crianças, não pode ser chamado de corajoso. Os que só agem
em função das paixões também não podem ser chamados de corajosos. Quando estas
se esgotam, deixam de ser corajosos.
Em síntese, o
verdadeiro homem de coragem é aquele que, possuído pela razão, enfrenta o
perigo em vista do bem.
Fonte de Consulta
MARQUES, Ramiro. O
Livro das Virtudes de Sempre: Ética para os Professores. Portugal: Landy, 2001,
capítulo 16, p. 161 a 164.
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